Ranzinza.blogspot - 1001 motivos para odiar a humanidade
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Teste de paciência


Alguém aí já tentou cancelar um cartão de crédito? Para quem acha que a telefônicas (fixas ou celulares) ou as TVs por assinatura são ruins, aguardem até ter essa experiência.

Depois de ter que digitar os 345 números do cartão e mais o código de acesso, ter que ouvir o valor da próxima fatura, ter que ouvir uma musiquinha por uns 5 minutos quando eles prometem um atendimento em no máximo 20 segundos você é atendido. Quando você fala que o assunto é um cancelamento, você é obrigado a ouvir.

Um minuto que vou transferir sua ligação para o setor responsável.

Mais musiquinha. E depois de aguardar mais alguns minutos e, vale dizer, o telefone NÃO É um 0800 entra uma mocinha esperta. Ela é claramente mais articulada que a média dos atendentes de telemarketing e isso te dáa falsa ilusão de que as coisas podem se resolver facilmente. Ledo engano. Em telemarketing, quanto mais inteligente é o atendente, mais demorado é o atendimento. O inferno começa depois da seguinte pergunta:

- E quais são os motivos do cancelamento?

Aí você explica que agora tem um novo cartão, com a mesma bandeira, que não cobra nenhuma tarifa (anuidade, entre outras) um limite três vezes maior e que ainda é internacional. Mesmo sendo inútil, ela tenta rebater cada um desses argumentos, obviamente sem sucesso.

Primeiro ela diz que a operadora dela cobra a anuidade porque oferece uma série de serviços extras como envio de fatura, saques em caixas eletrônicos, oferece cartões adicionais e parcelamento de fatura. A isso, respondi que o meu novo cartão também oferece todas essas vantagens e continua sem cobrar taxas por isso.

Depois ela apela para meu orgulho e argumento que com os cartões free eu sou obrigado a fazer compras todo mês e, caso eu não as faça, eu tenho que pagar uma taxa de administração. Falei que isso não faria diferença, já que sempre faço compras no cartão. Ela insistiu que "no caso, isso seria uma obrigação", talvez tentando atingir meu amor próprio. Demorei algum tempo para fazê-la entender que isso não me ofendia nem um pouco.

Já ficando sem muita saída, ela disse que - e aqui reproduzo suas próprias palavras - "os juros dos cartões free são absurdos". Falei que nunca pago atrasado as faturas e não faço parcelamento das contas, então isso não me afetaria. Mas como ela insistia que os juros do meu novo cartão eram exorbitantes, peguei sua fatura e conferi os valores. Para dar um suspense, perguntei a ela quais eram os juros que a operadora dela estava me oferecendo.

Foi um erro. Ela ficou, no barato, uns 15 minutos no "só mais um momento, senhor". E quando ela finalmente volta para o atendimento, ficamos sabendo que os seus juros são maiores que o do meu novo cartão.

O desespero da moça era tanto que eu já começava a pensar que seu emprego dependia de não me perder como cliente. Imaginei todo o setor em volta da sua cadeira, na maior torcida por ela. Mas não estava adiantando. E como último recurso, a moça apela para o sentimentalismo: "o senhor é nosso cliente desde 1993!". Achei que não precisaria, mas tive que explicar para a atendente que não era nada pessoal, que simplesmente o cartão deles não tinha mais serventia para mim.

Então ela tentou um plano B. Disse para eu manter o cartão para uma emergência. Respondi que não via vantagem em manter um cartão apenas por esse motivo, já que eu tenho outros cartões e ainda mais tendo que pagar por isso. Aíela disse que eu poderia ligar quando viesse a cobrança da anuidade para negociar e, quem sabe, ter uma isenção da taxa. Disse então que a última coisa que eu precisava era de um cartão que eu não usaria e ainda ter que ligar para umtelemarketing para TALVEZ não pagar pela sua inutilidade. Até esse momento eu estava resignado com já enorme atendimento, mas o argumento utilizado pela mocinha dessa vez me irritou de vez: "mas o senhor usa o cartão 365 dias por ano! Você só vai precisar ligar um dia pra cá!".

Depois disso, resolvi terminar o problema de uma vez. Expliquei que a questão não era essa, que operadoras de cartão de crédito são apenas uma das várias empresas que nos obrigam a ligar para seu telemarketing e que não havia NADA que ela pudesse me dizer que me fizesse continuar com o cartão.

Aí veio o "gran finale" da história. Ao ver que não tinha jeito de me manter como cliente, a atendente me diz:

- O senhor tem compras parceladas no seu cartão.
- Sim. E daí?
- O senhor não pode cancelar o cartão até que as compras estejam totalmente pagas.
- E por que? Era só as faturas continuarem chegando até que elas terminassem.
- Infelizmente não é assim, senhor. O sistema sequer permite que o cartão seja cancelado nessa situação.
- E quando você ficou sabendo disso?
- Eu sabia disso desde o começo, senhor.
- (pausa para evitar o palavrão) E por que você não me informou isso desde o começo do atendimento?
- Porque a minha função é convencê-lo a não cancelar o cartão, senhor.
- (Uns segundos fora do telefone, xingando até a 10º geração da mocinha)
- Tá certo. Antes eu não tinha nenhuma reclamação com a operadora, agora eu tenho. Obrigado, viu.
- O senhor deseja responder o questionário sobre a qualidade do atendimento?
- O que?!?!?!
- O senhor deseja responder o questionário....
- Olha...nesse momento é melhor para você que eu não responda...
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