(Quase) voltando aos velhos tempos...

Sabe quando um grande amigo nosso misteriosamente muda tanto sua maneira de agir que acabamos por nos afastar dele? Você gosta muito da pessoa, não quer perder o contato, mas algo aconteceu e você não sente mais o mesmo prazer na sua companhia. Então você começa a furar aquele boteco marcado, deixa de atender o celular até que acaba por raramente falar com alguém que era seu parceirão. Volta e meia bate um remorso, vem a sensação de que se está exagerando ("será que fulano está tão chato mesmo?"), mas você SABE que não está: aquela pessoa que você adorava virou uma mala. E tudo o que você deseja é que os velhos tempos voltem e que tudo se resolva numa bebedeira em algum pé-sujo.

Bom, é assim que eu me sinto com o REM. Depois que o Bill Berry saiu da banda, o grupo vem numa aspiral de chatice que culminou no fraco "Around the Sun" (o "disco de uma música só"). Quatro anos e um disco ao vivo depois, o trio mais famoso de Athens reaparece com "Accelerate". Foi apenas a primeira audição, mas me parece ser o melhor disco dos caras em mais de uma década.

De primeira dá pra ver - ou melhor, ouvir - ecos do "Monster", o que seria uma referência óbvia para qualquer disco com mais guitarras do REM. Mas se ligando mais nos detalhes, há também um pouco do Automatic for the People e até de coisas do tempo indie da banda. Só a variedade melódica desse "Accelerate" já nos faz esquecer um pouco da monotonia dos últimos dois ou três discos do REM.

Não é uma volta total aos velhos e bons tempos, mas com "Accelerate" já dá pra chamar o REM prum bate-papo no boteco...

2008 está apenas começando, mas esse já é um dos discos do ano...