Ranzinza.blogspot - 1001 motivos para odiar a humanidade
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[ 22.11.07 ]

A náusea


Na manhã que se seguiu a uma jornada de trabalho de 16 horas (terminada às 2 da matina), tudo o que eu queria era ir pro trabalho dormindo na poltrona reclinável de um ônibus com ar condicionado. Como tive o incrível refresco de poder chegar uma hora mais tarde, sabia que conseguiria pegar um coletivo com pouca gente e com lugares para sentar.

Entrei no ônibus e sentei ao lado de um rapazote. Ele estava todo esparramado e se ajeitou a contragosto no lugar que era seu por direito. Não dei a mínima. Me acomodei, reclinei a poltrona e tentei puxar um ronco.

Entre um chacoalhar e outro da condução, eu acabava dando umas despertadas. Na terceira vez que abri os olhos foi que reparei que o moleque do meu lado - de bone estiloso e camiseta com uma foto recente do Metallica - estava na mesma posição há algum tempo. Com a cabeça apoiada na poltrona da frente e o corpo curvado para baixo. Não tinha como eu estar errado: o garoto estava vomitando.

"Ou está bêbado ou acabou de ouvir um dos últimos discos do Metallica", pensei. Fiquei puto, porque não há nada que justifique uma pessoa estar bêbada numa quinta pela manhã ou gostar do que o bando do Lars Ulrich anda compondo. Pensei em mudar de lugar, mas os locais perto estavam ocupados e eu estava tão confortavelmente instalado que desisti da idéia.

"Quando o cheiro ficar insuportável, eu saio", pensei.

Só que 10 minutos se passaram e nada do cheiro vir. E como eu estava na expectativa, não consegui mais pregar os olhos. A cada vinte segundos abria os olhos (numa estranha motivação escatológica de querer ver o vômito, pra comprovar a teoria) e respirava fundo. Nada. O moleque estava quieto, sem chamar "raul" ou "hugo", e a parada não fedia.

Se o revertério do moleque era inodoro e não dava pra ver, talvez não existisse. Desencanei. Mas depois de mais uns 5 minutos, alguns lugares na frente de busão vagaram e fui pra lá. Não pelo teórico vômito, mas por duas poltronas ficaram vazias e eu também queria me esparramar. Fui pra lá, me estirei nos dois assentos e cochilei.

Mas por pouco tempo. Um cheiro estranho começou a me incomodar. Não sabia o que era. Olhei em volta e nada suspeito. Até ver o filete seguindo como torrente no corredor. O moleque tinha mesmo vomitado (e não que interesse a vocês, mas parece que não tinha ingerido muitos sólidos antes de passar mal).

E eu, que tinha planejado tirar um cochilo de uns 40 minutos, não consegui dormir nem 5. Antes, por causa da expectativa do cheiro do vômito que eu nem sabia que existia. E depois, pelo cheiro do vômito que eu já não acreditava que tinha acontecido.

Ah: na descida do coletivo eu ainda pisei no filete....
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