Livros, de novo...

Há algum tempo eu havia falado de uma situação constrangedora pela qual passei ao ler um livro do Henry Miller dentro de um coletivo. E não é que hoje aconteceu algo parecido?

Entro no coletivo e só me resta o lugar ao lado da senhora com cara de poucos amigos. Me sento, me ajeito e pego o livro que trago na mochila para ler. O livro é meio velho - ele é proveniente de uma vasculhada que dei em algum sebo - e tenho o cuidado de não abri-lo todo, para que suas páginas não despenquem.

Ao fazer isso, a capa do livro fica virada para o lado da (não tão) simpática senhora. Reparei que a velhota olhou para a capa - chegando, inclusive, a colocar os óculos para ver melhor - o que, imediatamente, fez com que sua (já pouca) simpatia se escafedesse.

Não liguei muito pra isso. Se existe uma coisa que gente velha tem sempre são manias esquisitas. Mas então eu percebo que a senhora pegou um livro e começou a ler também. Não sei porque, mas tive a impressão que ela fez isso como se fosse um protesto, com uma certa raiva contida. "Tá imaginando coisas, sujeito!", pensei.

Mas foi só eu olhar pro personagem no marcador de livros e o próprio volume que lia (o nome do livro era "Jejum. A Solução para o Brasil") a coroa e me liguei no porque da sua revolta: ela era evangélica e eu lia um livro chamado "Os Sete Pecados Capitais"...