Uma nação de comentaristas

Outro aspecto irritante do brasileiro quando começam as Olimpíadas é que, do nada, nos tornamos 180 milhões de especialistas em todos os esportes, dos mais comuns aos mais exóticos. Todo mundo acha que tem o embasamento necessário para dar pitaco em qualquer modalidade esportiva. Das raquetadas dos tenistas ao giro dos arremessadores de peso, todo mundo sabe exatamente onde os atletas falharam (porque também tem isso: os palpites geralmente aparecem quando o esportista se ferra, o que denuncia outra característica brazuca, adorar achar defeitos alheios).

Isso me lembra uma história contada por um amigo. Nos Jogos de Sidney, caminhava esse meu camarada pela rua Uruguaiana, bem no Centro da capital carioca. Passando diante de um loja da Ponto Frio, ele resolveu ver o que retinha uma aglomeração diante de uma TV ligada. Era uma disputa de judô, obviamente com participação brasileira.

A fachada da loja tinha virado um Maracanãzinho, com direito a torcedores exaltados e tudo. Mas o que chamou a atenção do meu amigo foi que, a cada golpe executado, a cada queda ocorrida, apareciam, na hora, os comentaristas de plantão:

- Foi um Koka!!!
- Claro que não! Foi um Wazari!
- Pois eu falo: foi um Ippon!!!

Como vocês imaginam, todos os palpitantes transeuntes eram experimentados juízes da famosa arte marcial. Nessas horas temos a confirmação prática de que o judô é um dos esportes mais praticados no Brasil!


Especialistas em tudo....