Decepção

Deus sabe como eu gosto do The Cure. A banda era a principal do triunvirato musical gringo da minha infância, ficando a frente das melhores - e eu tenho consciência disso - Smiths e New Order. Comprei o primeiro disco dos caras quando tinha 11 anos de idade - o vinil de "Standing on a Beach - The Singles" - e desde então sou fã declarado da banda.

Acontece que, de uns tempos pra cá, os caras - ou Bob Smith, como queiram - vêm caindo de produção, o que acho normal. Pra quem não percebeu ainda, o grupo é quase balzaqueano e são muito raros os que mantêm o mesmo nível de qualidade durante tanto tempo. Seu último grande disco foi "Desintegration", que já evidenciava que o futuro do Cure era uma volta ao passado: músicas mais sombrias e lentas, e menos pop songs, como "Love Song" e "Friday I´m in Love" do seguinte e também carregado álbum "Wish".

Entre uma ameaça de fim da banda e o lançamento de discos dispensáveis à sua carreira, o Cure seguiu seu caminho até chegar nesse que é seu primeiro disco homônimo. As primeira notícias sobre o álbum diziam que em "The Cure" o grupo se reinventava. Para mim, "reinventar-se" era a única opção para banda, depois do "Bloodflowers", disquinho BEM fraco. Mas, apesar das críticas positivas, fiquei receoso com o resultado ao saber que o produtor do novo disco era Ross Robinson, proeminente produtor de porcarias Nu Metal como o Limp Bizkit. Relutei em ouvi-lo, mas ouvi. E meu medo não era infundado.

O disco é ruim. As músicas são pesadas demais , arrastadas demais, gritadas demais e chatas de mais. São lentas, mas não densas. Não há climas, e sim pastiches do que o Cure já foi. Acabou-se o apelo pop da banda, pra torná-la parecida com mais um dos grupos - ruins - que foram de alguma influenciados pelo próprio Cure.

"The Cure", o disco é demérito para o Cure, a banda. Tira-lhe a identidade e o que traz de novo, não acrescenta nada. Pelo contrário.


E ainda é uma das piores capas do Cure...