Vícios...

Você pode ter qualquer tipo de vício. Seja um pinguço, um fumante compulsivo, um cheirador renitente. Use anfetaminas, speed, bolinhas ou qualquer outra droga sintética. Seja fã de sertanejo ou bregode. Você pode até ser torcedor do Framengo. Tenho certeza que em alguns momentos, essas anomalias comportamentais vão me incomodar, mas isso não vai ser uma constante. Vai ser na hora em que você estiver usando a droga ou estiver desesperado com a falta dela. No resto do tempo, você se torna uma pessoa civilizada e - se teve uma boa educação, algum cérebro e muita sorte - até ser alguém interessante.

Agora, se você quer ter o vício mais abjeto que existe, adquira alguns vícios de linguagem. É a sua oportunidade de se tornar uma pessoa irritante em tempo integral. O sujeito com vícios de linguagem é um fissurado: a cada minuto ele tem que tomar sua droguinha, caso contrário, ele tem crises brabas de abstinência!

Não estou falando dos vícios de linguagem clássicos. Falo daqueles mais irritantes, como têm os jogadores de futebol - que sempre começam suas frases com o insuportável "Com certeza" - ou os adeptos das novas gírias que usam a expressão "Ninguém merece" como fosse o ponto final de todas as suas frases.

O tão falado por aqui "Gerundismo", o uso exagerado do "A verdade é essa" no fim de cada raciocínio ou a mania de colocar "Realmente" em toda frase - "Estamos fazendo isso para ver se a empresa cresce realmente" ou "Estou cochilando porque estou realmente cansado" - são muito mais nocivos ao convívio que as loucuras daquele seu amigo doidão de heroína. Esse só faz merda quando está drogado. O sujeito com esses vícios de linguagem, nem sabe que está dopado. E pior, que seu vício incomoda os outros.

E o que é mais foda nisso tudo? Não existe um programa de 12 passos pra esses caras.....