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[ 16.12.03 ]

Virtuoses...


Por que será que certas pessoas confundem técnica com qualidade e virtuosismo com criatividade? Isso me irrita profundamente. Lógico que estou falando de música...

Aqui no trabalho tem cara que toca numa bandinha dessas de cover. Tudo bem, isso é passageiro e tem cura. Com a idade ele deve se emendar. Mas ele é um desses que estudam o instrumento que tocam e se empolgam muito quando aparece alguém que "toque muito". Deve ser coisa da idade. Ele estava com um violão na mão quando começou a tocar algo de um desses "guitar heroes" que existem pelaí. Ele me perguntou se eu gostava.

- Não. Pra ser sincero, eu detesto esse tipo de som.
- Que isso!!! O cara toca pra muito!!!!


Como se "tocar muito" fosse a garantia da qualidade da música do instrumentista. Não é, aliás, pelo contrário. Basta ver os Malmsteen e os Vai da vida: são máquinas cuspidoras de acordes e notas, mas fazem um som chato pra caralho. Chato, pelo menos, pra quem não gosta de demonstrações estéreis de técnica em solos enormes e arroubos de classicismo inúteis. Pra quem não acha o estilo chato, recomendo a audição de Bach. Se é pra ouvir música com floreios, vão aos originais e não ouçam pastiches de barroco.

Claro que falar que tal música é "chata" não é o melhor dos argumentos. É gosto pessoal e isso não tem muita validade. Mas falar que o cara "toca muito" é ainda mais furado. E geralmente esse é o único argumento dos caras. Os guitarreiros de plantão adoram encher a boca pra falar "olha a escala pentatônica que o cara faz! O cara dos Stones nunca ia fazer isso!"

Não, não ia. Ele não precisa. O cara, ao invés de ficar anos estudando música clássica e ficar semanas em jejum pra gravar um solo, preferiu beber todas, usar todas as drogas e fazer todas as orgias possíveis. E ainda sobrou tempo para fazer várias das músicas mais importantes da história do rock.

Velocidade, precisão e técnica apurada são antíteses do rock. O dia que organizarem tudo certinho e colocarem pautas musicais na frente de um grupo de rock, ele deixa de ser uma banda pra virar uma orquestra. Se esses fossem os critérios pra se eleger o que é bom e o que não é, os melhores discos do mundo já teriam sido feitos por softwares: eles não erram e tocam o que você programar, na velocidade que escolher.

Ah...Claro que esse papo não vale pro Hendrix. Mas vai demorar pra aparecer outro que case tão bem técnica apurada e criatividade em doses cavalares....


O cara não conta...
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