Ranzinza.blogspot - 1001 motivos para odiar a humanidade
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[ 10.11.03 ]

Teatro...


Minha amiga Paula trabalha no Teatro Oficina, do Zé Celso Martinez. Ela insistiu e fui ver "Os Sertões - O Homem", segunda parte de uma trilogia sobre a obra de Euclides da Cunha. Como gosto muito dela e o preço (novamente digrátis) era convidativo, fui encarar as 5 horas (?!?!?!!?!) da montagem.

Não dá pra falar da peça. Não tenho conhecimento dramaturgicos para falar nada diferente do que já foi dito sobre o Zé Celso. Não conseguirei explicar a profundidade da obra como seus fãs nem conseguirei detonar com tudo, como seus detratores. Sobre ela, me calo.

Só pra não ficar completamente no silêncio, posso dizer que o espetáculo é bonito. Longo demais, mas bonito. Exagerado em alguns momentos, pretensioso em muitos. E, na minha leiga opinião, esse lance de nudez já deixou de chocar há muito. Quando a nudez não acrescenta nada à história, ela é completamente dispensável.

Agora, eu posso falar sobre o público. Ah, o público....Milhares de garotinhas neo-hippies e rapazinhos ávidos por brasilidade. Senhoras de meia idade que iriam até a uma encenação de Chapeuzinho Vermelho, só por ser domingo. Intelectuais de momento achando a proposta da peça incrível. Namorados chateados por ter que levar a namorada ao teatro em um domingo de sol (aliás, se você tem namorada e não quer correr o risco de vê-la ser beijada, apalpada e esfregada em "nome da arte", aconselho que você a acompanhe mesmo....)...

A questão toda é: a maioria do público não entende patavina do espetáculo. Fala-se muito, encena-se muito, e o público fica lá, tentando entender as coisas. Não que seja complicado. Eu achei a peça até bem simplesinha, apesar da sua verborragia. Você percebe facilmente quando o público está boiando quando ele ri nos momentos mais inapropriados. É só o ator falar uma palavra engraçadinha (como "merda" ou "caralho") pro público cair na gargalhada, por mais sério que seja o assunto. As pessoas parecem não prestar atenção no que está sendo dito. Se estão rindo no palco, riem; se choram ficam sérios.

Parece que as pessoas vão mais pela festa. Tem dança, tem forró, tem samba. O pessoal "interage" e pode até rolar uns beijinhos na boca. As pessoas se molham, se sujam, brincam. É bem...digamos, lúdico...

Se o teatro tá cheio, legal. É bom pra cultura, claro. Mas tenho minhas dúvidas se a peça está formando um público pro teatro. Não posso esquecer a cara de tédio das adolescentes que estavam ao meu lado, numa das passagens em que o ator fala durante uns 20 minutos sem parar. E isso, depois de mais de 3 horas de peça.

No fim das contas, a peça tem seus méritos e seus defeitos. Mas pouca gente que vai vê-la consegue diferenciar um do outro.

Na portaria do teatro, onde se compravam os ingressos, estava à venda o livro da coleção "A Folha Explica" cujo tema era o Zé Celso Martinez. Talvez devessem distribuí-lo pra quem fosse ver a peça...
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