Ranzinza.blogspot - 1001 motivos para odiar a humanidade
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[ 21.3.03 ]

Coisas que eu gostaria de ter escrito


Lágrimas Imóveis (Metro)
Não fui convidado e tenho tudo a oferecer
Casas, uniformes, gente nua e aplausos na montanha
Não podem mais ficar nem mais um dia
A última ceia...

Nem que o tempo nos espere
E nos leve e nos lave
E nos encha de coisas nas unhas dos dedos da mão

Leva o meu tempo
Tem a água para me levar
Lágrimas imóveis nessa cara
Arrastando o horizonte
Não podem mais ficar

Não fui convidado e tenho tudo a oferecer
Casas, uniformes, gente nua e aplausos na montanha
Não podem mais ficar nem mais um dia
A última ceia...

Nem que o tempo nos espere
E nos leve e nos lave
E nos encha de coisas nas unhas dos dedos da mão
Lágrimas e Móveis Lágrimas


Esqueçam a Virginie, esqueçam "Beat Acelerado" e os programas do Chacrinha. Assim que a moçoila saiu do Metrô os caras deram uma sumida, apareceram com um novo vocalista/letrista (o português Pedro Parq) e enlouqueceram. Ainda bem. Como mais uma dessas injustiças da vida, o Metrô vai ficar sempre na memória das pessoas como mais uma banda de pop vagabundo que só serve agora para animar festinhas flashback pros trintões (putz...eu quase me incluo nessa!). Mas os poucos sortudos que conhecem o último disco da banda - antes do recente come back eletrônico dos caras, com a Virginie -, o excelente A Mão de Mao(1987 - CBS) sabem o potencial que os caras tinham.

A entrada de Pedro Parq foi fundamental na metamorfose sonora da banda. Com suas letras excelentes, seria um desperdício continuar na linha "pop descartável". O resultado disso foi que o grupo se sofisticou mesmo se mantendo fiéis ao pop. Só que agora com um som muito mais elaborado musical e discursivamente. Arranjos inusitados, traços folk-psicodélicos, instrumentos exóticos (na abertura da música titulo tem até um sole de gaita de fole!) e um vocal dramático, no melhor estilo "rock europeu". E as letras? As letras de Pedro Parq tangenciavam a poesia, carregadas de lirismo, como em "Atlântico, 07 de Novembro " (O amor é um vidro / Um vidro ou um espelho para se ver) e experiências linguísticas (em "Habhitantes" e "Ahnimais (Wiss)". É um disco, se me permitem usar o clichê, muito a frente do seu tempo.

E como tudo a frente do seu tempo, o disco foi um fracasso total de vendas. Era impossível fazer uma ruptura tão grande em sua carreira e esperar algum sucesso nessa empreitada. Sem as músiquinhas radiofônicas de antigamente e sem seu rosto mais conhecido (Virginie), o disco passou desapercebido. Com isso, o caminho natural das bandas que não dão o retorno financeiro necessário para suas gravadoras: demissão e conseqüente fim do grupo.

Na contracapa do vinil há uma citação de Mao Tse Tung que explica o espírito do álbum. "...nas nossas mãos as formas velhas reformadas e carregadas de conteúdo novo, transformar-se-ão em algo de revolucionário à serviço do povo." A auto-revolução do Metrô acabou sendo a responsável pelo seu fim.


A (minha) sorte é que, talvez por engano, a Sony relançou alguns discos do catálogo da CBS numa daquelas séries caça-níqueis e "A Mão de Mao" acabou sendo relançado junto de babas como Uns e Outros, Dr. Silvana e Cia. e Inimigos do Rei.


Defender o Metrô??? Já sei que meus amigos vão me pelar a saca!!!
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