Bizz

Na falta do que fazer (criada pela falta de $$$ e de paciência pra sair sob o sol de 40º que faz lá fora) e do que escrever aqui, resolvi dar uma fuçada numas tranqueiras aqui de casa. E o que eu encontro? A antiga coleção do meu irmão da Revista Bizz! Do número 2 - setembro de 1985 - até as mais recentes, quando ela já tinha mudado de nome para Showbizz e virado um CACO(uma mistura da revista Caras com a revista Contigo) que abusava das fotos enormes, quase não tinha texto e que elogiava qualquer porcaria que tocasse na MTV.

Mas é engraçado relembrar a infância do novo jornalismo musical brasileiro, MUITO influenciado pelas revistas e semanários ingleses e americanos, como o New Music Express e a Rolling Stone. A mudernidade paulista imperava, numa época em que a onda era falar mal de tudo, até do que se gostava. Bons tempos, mais ranzinzas! Já se vão bons quase 18 anos...Tsk, tsk, tsk...estou mesmo ficando velho.

Mas no número dois da revista - que infelizmente está sem a capa, mas acredito que tinha a Madonna na capa, por conta do lançamento de "Procura-se Susan Desesperadamente" - tem várias coisas legais e outras que ficaram engraçadas com o passar do tempo.

A revista dava para seus leitores um incrível brinde: um TRAILER-DISC com onze músicas da Janis Joplin (no lado A) e Jimi Hendrix (no B)...O termo trailer-disc não deve fazer o menor sentido pra grande parte dos leitores disso aqui, mas só pra deixar vocês inteirados, era um disco de vinil, que era tocado em um aparelho chamado toca-discos, que funcionava ao passar uma agulha analógica pelos sulcos do disco...Mais anacrônico, impossível!

Na parada Bizz, os maiores sucessos da distante época: "We Are the World" em primeiro lugar nas paradas! Nos discos mais vendidos, "Evolution" do Menudo, a primeira boyband do mundo. A música mais tocada à época era "Chega de Mágoa", o "We Are the World" brasileiro, com vários artistas da MPB cantando em benefício dos nordestinos que sofriam com a seca.

Nos lançamentos, vários discos representativos do renascimento do rock nacional. "Nós Vamos Invadir sua Praia" do Ultraje; o segundo disco do Camisa de Vênus, "Batalhões de Estranhos"; "Todas" da Marina, antes de perder a voz e adotar o "Lima" no nome; e "Normal", do Lulu Santos.

Mas os lançamentos internacionais não ficavam pra trás: "War", do U2, "The Dream of the Blue Turtles", primeiro solo do Sting (que viria a ser eleito o melhor disco internacional do ano de 85 pela Bizz), "VU" do Velvet Underground e o "Brothers in Arms, o disco que acabou com a carreira dos Dire Straits.

Nos cinemas? Rambo II e Mad Max III, aquele com a Tina Turner (que era adorada na época).

As matérias da revista são a cara do período. RPM, Talking Heads e Tears for Fears lançando seus "novos" álbuns, uma entrevista com Lobão e Cazuza, e artigos sobre o Live Aid (aquele bando de estrelas do rock e pop britânicos fazendo caridade) e sobre a Neopsicodelia, tacando no mesmo saco bandas tão diferentes como Echo & the Bunnymen, Cure e Cult.

Pra terminar, a seção Porão, autodefinida como um lugar onde podemos conhecer as "bandas que ainda não tocam no rádio", Los Lobos, Sister of Mercy, Mercenárias e Akira S. De todas essas, acho que só os lobos mexicanos tocaram em rádios "não-alternativas" e as nacionais já foram pras picas há séculos.

Se eu tiver saco para escrever outro post enorme como esse, falo sobre uma edição mais recente da Bizz...uma de 1987!


O logo em 85 não era assim...mas foi o que deu pra arrumar...