Dando uma de Paula, hoje tenho uma história sobre velhos e ônibus…Vocês vão falar:"Ah, mas você sempre reclama de ônibus!". É, mas nunca por causa de velhinhos…
Como sai tarde de casa pro ir pro trabalho – e eu ia deixar de ver a Argentina se fuder? – peguei um desses micro-ônibus com ar condicionado, que vão pro Centro do Rio direto. O único lugar na janela era na última fileira de cadeiras, aquela que tem 5 bancos juntos. Eu numa janela, um cara na outra, eis que entra no mini-coletivo um coroa, dos seus 65 anos. Senta-se na cadeira do meio e me olha com aquela cara suplicante de quem está doido pra bater um papo. Como eu estava lendo e o outro cara roncando, o velhinho se limitou a ler seu jornal.
Só que a paz não durou muito tempo. Entram, ao mesmo tempo, dois sujeitos que fatalmente sentariam em volta do coroa. No que o primeiro pede licença, o senhor já entabulou o papo:

– Claro! Apertados esses ônibus, não é?

Pronto! Foi dada a largada para a corrida da língua. Depois de hoje, posso dar um conselho para vocês. Ao virem que um representante da 3ª idade vai sentar ao seu lado com um jornal na mão, corra. Se você quiser silêncio para ler, dormir ou mesmo pra apreciar um engarrafamento na São Clemente, você vai ter que sair de perto do provecto ser. O velhinho comentou TODO o jornal com os sujeitos, da seleção ao Belo, do Lula ao Oriente Médio. Conseguir ler? Quem cara–pálida? O melhor que eu tive a fezer foi tentar dormir…inutilmente, claro…