Ranzinza.blogspot - 1001 motivos para odiar a humanidade
Preferidos
[ 24.3.09 ]

Apenas um festival...


Enquanto em Sumpaulo o Just a Fest esgotou seus ingressos em 28 segundos, aqui no Rio as vendas não pareciam tão feéricas. Depois do desespero internético das macacas de auditório do Radiohead (que no compraram via Ingresso Fácil já no dia que começaram as vendas), a versão carioca do festival não parecia fazer o mesmo sucesso que a paulista. Tanto que esperei a poeira baixar, aparecer um ponto de venda mais próximo do meu trabalho e comprei, sem filas e sem problemas, o meu ingresso. Isso na antevéspera do show.

E na hora do show o panorama não parecia ter mudado. A entrada estava tranquila e a Apoteose estava relativamente vazia quando os Hermanos entraram no palco. Mesmo se levando em considerção a hora e o dia do show (19:30 de uma sexta feira normal no centro do Rio) e o trânsito complicado, esperava ver mais fãs dos talibãs cariocas. Fanáticos como são os aficcionados pelo grupo, imaginei que grande parte do público seria formada por eles, que devem viver com calafrios pela crise de abstinência. Mas os dois anos sem uma apresentação do Los Hermanos não foi o bastante para encher a Praça da Apoteose.

Mudou o público ou mudou a banda? Pelo que vi, os dois. Quem estava presente se empolgou, claro. Mas não foi o frenesi que imaginei que seria. Pra se ter uma idéia, na entrada do grupo não vi confete e só apareceu uma solitária serpentina jogada pelo público. No palco, os Hermanos também não pareciam os mesmos. O longo período sem shows e o pouco tempo de ensaio parece ter acabado com a antiga coesão do grupo. E apesar do começo emocionante com "Todo Carnaval tem seu Fim" e do encerramento com "A Flor", a escolha do repertório pecou por ter passagens muito grandes com músicas muito leeeentas (principalmente as do disco "4"). Nesses momentos a dispersão era inevitável, assim como as piadinhas (como pedidos para que a banda tocasse "Thcubaruba"). E o pior é que a escolha pelas canções mais "reflexivas" - pra não sermos grosseiros e chamarmos de chatas - do repertório parece ter sido consciente, já que os Hermanos simplesmente ignoraram o disco de estréia, com músicas mais agitadas. E não dá pra falar bem de um show dos barbudos se eles não tocam "Quem Sabe".

Isso tudo, somado à duração do que deve ter sido o mais longo show de abertura da história do rock, garantiram a triunfal volta aos palco do grupo de rock nacional mais importante da década uma decepcionante nota 6. E apenas pelos velhos tempos.

Já o Kraftwerk fez o de sempre. O espetáculo mais picareta que uma banda de música popular pode fazer: presença de palco zero, partes do show são assumidamente um playbeckão descarado e a platéia sempre fica na dúvida se os caras estão fazendo algo que influa na música ou se estão apenas conferindo os e-mais ou pirateando algum filme. Mas não deixa de ser genial.

Como os "alemão" não eram a principal atração da noite, o show foi menor que de costume, com músicas a menos e algumas editadas. Mas é sempre emocionante ouvir os clássico do grupo na presença dos quatro germânicos de terno. Mesmo não sendo muito diferente da apresentação feita no Tim Festival em 2004 já teria garantido a noite.

Mas ainda tinha o Radiohead. Nunca fui fã e acho que a banda é uma das mais supervalorizadas da história. Não que eu não reconheça suas qualidades ou que deteste tudo o que eles fazem, mas que enchem demais a bola do Tom York e seus comparsas é fato.

Para minha surpresa, gostei bastante do show. Com um repertório que privilegiou o "In Rainbows" - o disco grátis da banda - e antigos clássicos, o Radiohead tocou, em grande parte do show, música de verdade e não aqueles barulinhos eletrônicos acompanhados com os berros do York que eles insistem em cometer em vários dos seus discos pós-OK Computer. Por conta disso, acredito que até os neófitos - se é que havia algum na Apoteose, já bem cheia àquela hora - tenham gostado do que ouviram.

Digo do que ouviram porque do que viram é impossível não terem gostado. Como acho a música do grupo apenas boa e não a última maravilha em termos de composição músical moderna, prestei bastante atenção ao visual do show. E nisso os caras mandaram muito bem. O telão, com várias camêras dispostas no palco foi um espetáculo à parte. Em vários momentos tive a nítida impressão de que a música tocada era a trilha sonora para um filme que estivesse sendo transmitido. Nesse quesito, a apresentação do Radiohead foi realmente impressionante.

No fim das contas, acredito que para os fãs deve ter sido um dos melhores shows que eles já tiveram a chance de assistir. Se pra mim, que tenho uma natural tendência a não ser muito simpático ao que fazem os "cabeça-de-rádio", foi bom, imagino o que não deve ter achado quem é fanzoca da banda.
|
Comments:
<$BlogCommentBody$> # posted by <$BlogCommentAuthor$> : <$BlogCommentDateTime$><$BlogCommentDeleteIcon$>
<$BlogItemCreate$>

Visitem Tem novidade no Chaos


Os arquivos do antigo Hanz