Expectativas demais...

Esperar muito por uma coisa nem sempre é bom. Aliás, criar expectativas NUNCA é. É triste quando constatamos que nossa imaginação é bem mais competente que a realidade (essa, aliás, geralmente é um pé no saco).

Então acontece esse show que esperei por 18 anos, um verdadeiro acerto de contas com o New Order. Antes de começar, minha impressão era: "estou prestes a ver o melhor show da minha vida". Inocência. Antes de mais nada, eu deveria saber que, com 31 anos na cara e já tendo visto algumas apresentações históricas de grandes bandas, seria quase impossível ficar totalmente embevecido pelo que veria. Devia saber também que as comparações com a vinda dos caras em 88 eram idiotas: primeiro porque eu não os vi nessa época (Por isso eu nunca vou perdoar meus pais) e segundo porque uma coisa é ver um grupo no auge da carreira, tendo acabado de lançar seus discos mais clássicos e outra é ver a mesma banda com já quase 30 anos de estrada, tendo lançado um disco mais ou menos e já entrando numa fase revival (e como vocês chamariam as "covers" do Joy Division que o NO tem feito?). São momentos muito diferentes, e em tudo a fase atual parece menos relevante.

"Ah...", vocês devem estar pensando, "então você não gostou do show? Foi isso?". Claro que gostei. Apesar do som ruim - será que a banda não passou o som antes??? - do Vivo Rio parecer uma obra inacabada e do atraso na subida dos caras ao palco, o show foi FODA. O problema é que o NO, mesmo depois das quase duas décadas de espera, se tornou como aquele antigo amigo de infância que mora longe. Quando ele aparece sempre se divertem muito, mas o encanto de outros tempos se foi. Fazendo uma analogia com aquele que deve se confirmar o melhor show do ano: New Order no Vivo Rio é esse amigo de infância; o Franz Ferdinand no Circo é aquele amigo doido que sempre esteve junto e com quem você vive fazendo merda... os dois são grandes amigos, mas o segundo é muito mais divertido.

Não que um show do NO consiga não ser divertido também. Como bom "amigo de infância", você conhece todas as músicas, o que é sempre bom. E todas as músicas são MUITO boas (ou pelo menos, boas reproduções da sonoridade clássica do NO, como "Krafty", "Waiting for the Sirens´ Call" e "Turn", as do novo disco que foram tocadas). Como um show com "Blue Monday", "Your Silent Face", "True Faith", "Bizarre Love Triangle", "Love Vigilantes", "Perfect Kiss", "Regret", "Cristal", etc não seria FODA?

E não, não tem problema nenhum os caras tocarem Joy Division (apesar do jeitão de cover). Ver Peter Hook e Stephen Morris tocando "She´s Lost Control" (ou "Transmission" ou "Love Will Tear Us Apart") compensa, mesmo sendo Sumner e não Curtis no vocal....

Pra mim - fã de carteirinha da banda desde a mais tenra infância e sem o menor distanciamento crítico, o que deve ser levado em consideração - foi uma apresentação nota 8. O problema é que eu esperava um 10 absoluto e inquestionável.


Ótimo como não poderia deixar de ser. Pior do que a maioria esperava....