Sonífero

Mas como hoje é segunda e estou escrevendo nessa bagaça, nada - pelo menos nada de muito grave - aconteceu na viagem. Mas como alguma encheção de seco é inevitável...

Na volta, fui um dos últimos a embarcar. Meu lugar era o do meio e no corredor estava um senhor de seus 50 e poucos lendo uma apostila e na janela estava um rapazote melífluo com roupitchas modernas. No bagageiro destinado à minha poltrona, uma sacola de butique e uma mochilinha moderninha. Deduzi facilmente de quem eram as bagagens "mudernas". Coloquei as bolsas de lado e coloquei minha mala no bagageiro. A história, teoricamente, teria que morrer aí.

Mas é CLARO que não morreu. Assim que eu me sentei o rapazote se virou pra mim e perguntou:

"As bolsas que você mexeu ali em cima eram as minhas?"

A pergunta idiota me irritou. Ou o cara SABE que aquelas bolsinhas ridículas só poderiam ser dele ou ele leu minha mente e imaginou que eu adivinhei quem era o dono. Senão, COMO DIABOS eu poderia saber se as bolsas que eu mexi eram dele ou não? Acho que pela primeira vez na vida respondi EXATAMENTE como pensei que deveria responder uma pergunta cretina.

"Mexi em umas bolsas. Como vou saber se são suas?" - Em um tom pouco amistoso...

Depois dessa, o rapazote virou a cabeça e dormiu a viagem toda....